Crônicas

  • Tema: o que aprendemos com eles

O banquinho
Na minha sala de atendimento no consultório peço para as pessoas entrarem sem sapato. Por higiene, para aumentar o relaxamento do cliente e para ajudar a preservar a vibração energética do ambiente. E o interessante é como as mulheres e os homens encaram o banquinho que coloquei para ajudá-los a descalçar os sapatos.

Quase sempre é assim: as mulheres colocam suas bolsas sobre o banquinho e se matam em pé para tirar o sapato, inclusive botas de cano longo. E já vão querendo contar e decidir coisas…Os homens sentam calmamente – ah que inveja deles – deixam a carteira e o celular apoiados na maca (que fica ao lado do banquinho) e tiram o sapato ou tênis, se ajeitam e só então se levantam e cuidam do resto. Pergunta: por que a diferença? Calculo que eles se amam mais do que nos amamos.

Nós mulheres somos treinadas a servir, prestar muita atenção nos outros e eles são treinados a prestar atenção neles mesmos. Temos que dar conta, no nosso dia a dia, do trabalho, das coisas da casa (que ainda são nossa responsabilidade, apesar de também dividirmos a responsabilidade de pagar as contas), chegar em casa e fazer comida, lição de casa com os filhos, planejar o dia seguinte, direcionar as coisas… e transar, como não?

Então, faço aqui no consultório a revolução do banquinho. Mulheres lembrem de fazer uma coisa de cada vez e pensar em você em primeiro lugar, lembrar de você. Estar presente. E essa é a primeira lição que aprendemos com eles: eu me amo!

Boca fechada
A maioria dos clientes de psicoterapia são mulheres e há vários motivos para isso. Autorreflexão, a sensibilidade emocional, a necessidade de compreender a si mesma e ao outro…

Mas uma característica é inerente a todas nós: gostamos de falar sobre as pessoas, sobre as coisas que acontecem conosco e com os outros, e sobre nós mesmas. Hoje, a palavra de ordem é Discutir a Relação ou sinteticamente: ter uma DR.

E temos DR com amigas, familiares, namorados, “namoridos” (namorado que mora junto), maridos, filhos… Adoramos uma boa DR. Pessoalmente, pelo telefone e agora até via whatsapp. Os homens? Ah, eles não! Fogem disso. Apesar de muito importante e útil, em alguns aspectos concordo com eles: é chato e estressante, desgasta muito…

Os homens quando têm algum problema vão para a caverna, não querem conversar, preferem pensar. Se isso acontece mesmo em relação às outras questões mais práticas, o que dirá as emocionais, que eles tanto evitam. Mas toda essa explicação por quê? Porque temos que aprender com eles a falar menos, a gastar menos energia tentando convencer o outro.

Conforme-se, não adianta. O que resolve é deixar claro os objetivos e reconhecer as limitações dos outros de maneira prática. Dificilmente conseguimos fazer alguém mudar de ideia, temos que aceitar isso.

Precisamos aprender com eles a falar menos, sofrer menos e esperar menos mudanças mágicas. Gastaremos menos energia inutilmente e resolveremos melhor nossos problemas.

  • Tema: as mulheres contemporâneas

As Bem-sucedidas e as Amélias
Vamos pensar o impensável: é possível conviver dentro da mesma mulher a Poderosa e a Que Fica Em Segundo Plano? É possível ser dominadora nas decisões profissionais, práticas do dia a dia, e esperar que o parceiro chame o garçom para fazer o pedido?

Muitas das minhas clientes bem-sucedidas pensam que vão “morrer” se fizerem isso. Mas preciso dizer, é preciso. Tenho conversado com elas sobre permitir que o homem decida, tome a frente, lidere. E digo mais, as incentivo a elogiarem sua performance e iniciativa, isso vai fazer com que ele se sinta valorizado, importante e necessário.

Mas se disputarmos quem é o melhor, quem vence a corrida do sucesso nas decisões e ações, eles vão se cansar. Porque além de já terem que fazer isso no trabalho, também terão que fazer isso em casa. Assim fica difícil conviver em harmonia, como uma família precisa.

E, hoje em dia, o que é ser Amélia então? Alguém que demonstra que aquele parceiro faz diferença na sua vida, não como antigamente, quando a mulher se submetia e o homem comandava nos momentos em que estava presente.

O equilíbrio está na parceria! Nada de disputa. Juntos e em posição de igualdade, dividindo tarefas e alternando os papéis, em momentos você comanda e em outros ele comanda!
Melhor ceder do que ficar sem um parceiro, não é?

Aquela queimadura na mão
Convivo com mães que têm o trabalho fora de casa: profissionais liberais (dentistas, advogadas, fonoaudiólogas) ou não (enfermeiras, gerentes de finanças, professoras).

Todas nós, quando nos encontramos, falamos sobre nossa vida corrida e cansativa. A famosa situação de trabalhar dentro e fora de casa, sem descanso. Descobri que várias delas têm queimaduras na parte de cima da mão, ou nos dedos, ou até cortes de faca, latas, vidros…

Eu mesma já me queimei e cortei várias vezes. É a pressa, o acúmulo de funções. Parei para pensar por que acontecia isso. Descobri! No momento que estava correndo para fazer logo a comida, esquecia de mim, eu era apenas aquela que cozinhava.

Oras, não mereço passar por esse sofrimento, a partir daquele momento passei a fazer tudo mais devagar, estar presente.

Pronto, nunca mais me queimei, nem torci o pé, nem quase cai da escada. E hoje sou uma mulher mais feliz!

Observe-se também, nessa e em outras situações em que você se anula para agradar aos outros.
São as pequenas coisas que fazem a diferença! E vão mudando nossa maneira de nos relacionar conosco e com o mundo!

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